quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Deserto

Estou deitado, congelado sob o Sol,
Ouvindo os murmúrios do mar que me sufoca
Com suas areias quentes e lembranças mortas,

Nessas lembranças que secaram acho a força que me falta,
Acho o júbilo na lágrima e o vazio na pauta,
Mesmo livre, sob a lucidez sem esperança
Ignoro as farpas que o deserto ressalta,

Submerso nos grãos impermeáveis a qualquer das minhas angústias
Simbolizo o declínio da vida frente às naturais úlceras
Criadas pelo desdém, o ódio e a contradição
E sofridas por todos abaixo do meu panteão,

O deserto secou-me de quantas lágrimas pudesse chorar,
Tragou-me vorazmente na sua ânsia por voltar
A ser digno, cruel e livre, rei das suas imediações,
Embora tragando-me, joga no olvido todas suas canções
Que comigo jazem sob o morto mar.

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