segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Frio

Atirado no desdém e no escárnio
Minhas imagens distorcem e derretem,
E ao habitar o vazio
Quebram-se as partes que formam quem sou,

Ao grunhir das caixas metálicas
E seu movimento de estupro
Eu estou só.
Pois fui abandonado por mim mesmo
Enquanto fragmentos da minha identidade
Se dissolvem no vazio.

Aqui, no inóspito e hostil,
Eu sinto frio.
Aqui apenas existo, não desfruto, destruo ou crio.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Silêncio

Sorriu para a Lua, seu contorno
Recortado contra o céu noturno,
Fascinado pelo brilho morno
E a solidão do seu eu soturno

Mundo, vacilou seu olhar
E aos poucos deslumbrou
O mar. Deslocou os ventos,
Desedificou. Sonhou.

Acordou no frio da margem,
Segregado por princípio próprio,
Sufocou a paisagem, soterrou
No ópio a angústia, adiou viagem.

Seguiu de face erguida porém
Olhos baixos, procurando além
Da verdade aparente, no Sol
Da sua mente, um farol

No limbo interno do vazio.
Perdido no espaço extenso
Para vagar no ócio
E dedicar-se ao silêncio.