sábado, 27 de setembro de 2014

Constante

Ensurdecedor. As vozes não param,
Sequências batidas de dores vívidas,
O fechar da garganta, o sufoco súbito,
O aperto e a ânsia, a fúria sem objeto.

E as cores que vão-se indo,
E o pesar da alma já tão familiar,
A melancolia que te acalma,
O brilho dos olhos já findo,
Já acostumado a se desesperar
Surdamente pelos cantos da própria alma.

A sensação de estar prestes a ceder,
E saber o perigo que há em si
Por ser ferido e saber sobreviver,
Mas qual o sentido em insistir?

E acompanhar impotente a desilusão absoluta
Que se apresenta implacável até o gelar dos ossos.
Assistir a vida ser consumida pelo vazio das ações
E ver o mundo definhar até seus últimos destroços.