terça-feira, 1 de maio de 2012

Esforços


Quero acreditar na minha própria satisfação,
Quero crer na beleza da vida minha,
Quero achar os dias bons, quero esquecer a aflição
De querer querer esquecer o que eu tinha.

Quero dizer que sou algo a mais
E perder-me nas sensações do dia-a-dia,
Quero deixar meu passado pra trás
E acreditar que agora eu queria

Tentar viver, sorrir por mim mesmo.
Aliviar-me as dores e ser quem não sou.
Quero tentar querer o indispensável,
Saciar minhas mágoas na correnteza instável,
Curar as feridas que o tempo não sarou.

No entanto o sentido último desse esforço
Se concentra no querer esquecer um rosto
Que não se esvai da consciência.

Às todas tentativas de paz em mim
Segue o oposto de seu próprio fim
Me empurrando em direção à demência.

O que me faz desejar apenas
O momento em que as vozes calam,
O vazio onde as almas vagam,
O esquecer que nesse mundo meu existem
Feridas que nunca saram.