domingo, 22 de setembro de 2019

Abismo

De novo eu me vejo olhando
Para o abismo do meu vazio,
Minhas amarras cortadas,
Sem parapeito entre mim e o infinito,

Já esqueci meus sonhos,
Pus fogo em todas pontes,
Restaram-me devaneios medonhos
De profundezas sem horizontes,

Minha mente dissocia,
Me vejo fora de mim
Mesmo, minha única fantasia
É a serenidade do meu fim,

E eu todo angústia,
Desolado, inofensivo, desprovido
De vitalidade e força,

Um feto sem útero,
Apodrecendo ainda vivo,
Cada suspiro me empurra sutilmente
Para a eternidade