domingo, 27 de outubro de 2013

Paredes

O seu pulso bate, lento e constante,
Você vive, sonha, sente e se dissolve
No mundo, o seu tempo e o dos outros no mesmo instante,
Pelo êxtase simples você se envolve.

Deixe que tudo isso morra.

E faça do seu peito fortaleza,
Isole-se de si e então reconstrua-se,
Tire suas cartas da mesa,
Invente seu próprio jogo.

Convide o escárnio, a dor,
Torne a angústia parte de si próprio
E deixe que sua empatia se esgote,

Através do desprezo, elimine o rancor,
E a crueldade será seu ópio
Enquanto o riso, seu esporte,

Faça da máscara seu rosto
E encare o desprezo sorrindo
Pois todo ferimento que importa
É agora, com seu coração deposto,
Findo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Lugar

Há quem tenha um lugar ao qual chegar,
Há quem chame esse lugar de lar
E há quem jamais pensou lá estar.

Há quem ame certos lugares
E desses guarde memórias de olhares
Que ocupam um lugar especial dentro de si.

Há quem sinta que certos lugares exerçam fascínio,
Há lugares que correspondem a um domínio
De um lugar que só existe escrito.

A maioria dos lugares ninguém jamais viu,
A maioria dos lugares já foi outro lugar
Porém o lugar que agora é esse lugar
Está no mesmo lugar do outro lugar.

Eu escolho com cuidado os lugares onde estar
Já que existem mais lugares do que eu posso sonhar,
Porém certos lugares sempre levam ao mesmo lugar
E outros não levam a lugar algum.

O meu lugar é de lugar em lugar
Sem cair no lugar comum,
É entre os lugares que quero estar
Sem chegar a lugar nenhum.