sexta-feira, 15 de junho de 2012

À Frente


Três dias à frente.
É possível vislumbrar o futuro
E serei o mesmo.
O poder da projeção consciente
Transforma a visão deste futuro
No presente.

Presente este, em meio ao processo
Que, no passado deu-se início,
De cultivar artifícios,
De fantasiar um regresso

Temporal, vivo nas lembranças
Frebris e nas ânsias,
Nos quadros de tempo perdidos,
Soltos e caídos no olvido.

E é pelos vívidos momentos
De amargura fria e brutal
Que eu invejo com todo meu mal
A dádiva do esquecimento.

Posto que, construída através do passado,
Minha projeção do futuro perece,
Como que numa aversão ao agrado,
Um pouco mais à frente, tudo escurece.

domingo, 10 de junho de 2012

Acordar


As janelas fecham
E Morfeu vem entristecer meu delírio,
Todos os meus desejos vivos,
Todo meu eu esquecido.

Ele vem e com leves sopros frios
Confirma esperanças vazias,
Abre feridas que um dia
Tiraram meus olhos do estio.

Eleva-me ao cume cego do espírito,
Traz-me reais vontades já esquecidas,
Torna-me o que sou, apaga outras vidas,
Socorre-me do vazio real implícito
Na sobriedade dos fatos.

Sorteio de mentiras, corrosivo bem-estar,
Durmo sem perceber Morfeu com uma faca a me acariciar,
Esperando o mais doce instante na jornada do meu acordar...

Lâmina gelada, assustador mundo novo,
E todas minhas dores acentuam-se como que recentes.
E novamente todos os meus sonhos são desistentes.

E mais uma vez sou eu que te sinto ausente.