quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Enfim

A sua dor presa na garganta
E a muda e sufocante boca.
O suspiro liberta as lágrimas
E a alma vomita o desgosto.

O passado acabou, queimou-se o combustível.
O presente é dor, do futuro indistinguível,
E o que traz a repulsa, o vício, a angústia:
Ser e saber quem sou, viver como vivo.

Um desprezo sem referências, dois lados negativos,
Fúria sem violência, surtos inofensivos,
Batida sem cadência, olhares inquisitivos
Sem respostas, sem ter quem responda...

O chão e o céu vazios
Perderam o sentido,
O desabar da prisão
Deixou sólidos cacos de vidro

Onde deito, rolo, ando, corro e finjo ser alguém.
De alimento o desdém, e uma sede por lágrimas.

São as únicas ânsias que possuo
E a fonte do meu sustento.

Já não há mais lamento...
Certo desespero no escuro...

Nos olhos vidrados que tentam penetrar a escuridão
Mas só refletem seu interior para dentro.
Na injustiça do mundo percebida em vão,
No torturante ritmo lento
Que a bem-vinda Morte declara sua visita.

Enfim sem dor, sem sofrimento.